Não se tornar infeliz por ter pena dos infelizes.

O que este considera desgraça aquele considera sorte. Não há um individuo feliz sem que muitos outros sejam infelizes. É freqüente os infelizes ganharem a compaixão daqueles que querem compensá-los com um privilégio inútil dos desfavores da sorte.

Aquele que era detestado por todos na prosperidade de repente ganha piedade de todos. Sua queda transforma a represália em compaixão. Requer astucia observar como a sorte dá as cartas.

Há os que se juntam somente aos infelizes. Detêm-se ao lado da alma desventurada da qual fugiram quando felizes. A piedade não é um sentimento natural aos homens. Crianças são cruéis. Os nossos antepassados foram cruéis. A piedade é criada pela razão, na medida em que sentir pena de alguém é uma forma de se sentir bem. Às vezes, a atitude revela uma nobreza interior, mas é de todo, menos sagaz.